Algumas pessoas dirão que não têm dívidas …. mas basta perguntar “você possui alguma compra parcelada?” para descobrirmos que isto não é uma verdade absoluta!
“… Dívida é a maneira de se usar um futuro poder de aquisição no presente, antes de que uma soma tenha sido ganha.“
Fonte: Wikipedia
Como queremos aproveitar o presente (carpe diem), é natural que façamos dívidas. E não há mal nisso, desde que nosso futuro não seja comprometido.
Algumas dívidas podem até ser consideradas investimentos, como o financiamento da faculdade, de uma casa ou de um carro, quando utilizado para gerar renda.
O problema é quando as dívidas saem do controle e começam a impactar nossa qualidade de vida.
A maioria das pessoas que adquire uma dívida tem intenção de pagá-la… um dia. O que acontece é que nem sempre as coisas caminham conforme o programado. Tem sempre algum imprevisto no meio do caminho: um gasto não planejado, uma diminuição de receita inesperada e aí vai. Estamos acostumados a viver no limite e com a esperança de que com o velho “jeitinho brasileiro, tudo no final dá certo”. De fato, tudo pode dar certo realmente, mas muitas vezes às custas de sacrifícios desnecessários.
E quando se fala em administrar as dívidas, muitas vezes não há como fugir destes sacrifícios.
A seguir algumas dicas para gerenciar melhor este passivo.
1. Levantando as dívidas
O primeiro passo é saber o tamanho do problema. Para isso, liste todas as dívidas em uma planilha, com o dia de vencimento, descrição, valor devido, valor da parcela, número de parcelas a vencer e a taxa de juros.
Por exemplo:
Dia
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Descrição
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Valor Devido
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Valor da parcela
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Número de parcelas
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Taxa de juros
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10 | Cartão de Crédito | 3.000,00 | 150,00 | 20 | 7,5% |
15 | Financiamento carro | 15.000,00 | 1.000,00 | 15 | 2,74% |
Veja qual o total das parcelas e quais dívidas tem os juros mais elevados: é por elas que vamos começar a trabalhar.
2. Conheça as suas Receitas e Despesas
Analise as suas receitas e despesas, desconsiderando as dívidas. Veja quais despesas podem ser cortadas para fazer sobrar o máximo de dinheiro no final do mês. Este valor é a sua capacidade de pagamento das parcelas da dívida. Considere 80% deste valor, como margem de segurança, no caso de haver esquecido de alguma outra despesa ou mesmo para imprevistos.
3. Avalie seu patrimônio
Antes de você ir ao banco conversar com o seu gerente sobre as dívidas, faça uma avaliação do seu patrimônio. Veja se não há bens dos quais possa abrir mão: o segundo carro da família, a motocicleta que só é usada em fins de semana, a casa de campo que os parentes usam mais do que você. Pesquise o quanto você pode obter com a venda. Muita gente tem a impressão que é dar um passo para trás ao se desfazer de um bem duramente conquistado, mas esta é uma forma de se sair rapidamente do buraco. Além de permitir que se quite boa parte das dívidas ou, quem sabe, o total delas, a venda de um bem não-essencial traz um alívio ao seu orçamento doméstico. Não ter um segundo carro pode diminuir o seu conforto, mas isto também diminui os seus gastos. Pense no quanto vai economizar ao deixar de pagar seguro, IPVA, manutenção etc.
4. Renegociação de dívida
Para quem tem mais de 30 anos, o termo “renegociação da dívida” é bastante conhecido. Antes de alcançar uma certa estabilidade, o Brasil passou por diversas crises econômicas e recorreu diversas vezes ao FMI para renegociar a sua dívida. Os motivos foram os mais diversos, mas basicamente o Brasil se viu incapacitado de honrar seus compromissos financeiros com os seus credores internacionais.
Quando se fala em renegociação de dívida, entenda como uma readequação de valores e prazos de pagamento de modo que o devedor consiga pagar. A lógica é bem simples: o credor quer receber e, quando percebe que o devedor dificilmente quitará suas dívidas conforme o previsto no contrato, ele prefere negociar e receber um pouco menos. Afinal, é melhor um pássaro na mão…
Assim, procure seus credores, começando pelos que cobram os juros mais altos (como cheque especial e cartão de crédito). Explique sua situação financeira e a intenção de pagar a dívida, mas deixando claro que, nas atuais condições, isto não será possível. Procure buscar duas coisas: um parcelamento maior da dívida, de modo que cada prestação caiba em seu orçamento, e uma redução nos juros cobrados. Demonstre os seus esforços, mostre os seus cálculos de “Receitas x Despesas”, seu Controle Financeiro e tente renegociar as dívidas para que tenha condições de pagá-las.
5. Faça um Planejamento Financeiro Pessoal
Depois de ter renegociado a dívida, o próximo passo é controlar suas contas! Para quem não está habituado a fazer um controle financeiro, saber para onde está indo o dinheiro é uma tarefa complicada. No entanto, isto é algo que irá lhe permitir identificar quais gastos são essenciais e quais são supérfluos, além de iniciar uma poupança e começar a fazer o dinheiro trabalhar para você.
Comece listando tudo o que foi gasto no mês anterior. Comece pelas contas mensais, como luz, telefone, condomínio, internet, tv a cabo, mensalidade da faculdade… depois vá para as maiores despesas, como combustível, supermercado e, em seguida, liste as despesas menores. Quanto mais despesas conseguir relacionar, melhor. Veja o exemplo abaixo:
Dia
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Descrição
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Valor
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Total
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05 | Condomínio | R$ 320,00 | R$ 320,00 |
07 | Celular | R$ 51,00 | R$ 371,00 |
10 | Faculdade | R$ 400,00 | R$ 771,00 |
13 | Luz | R$ 89,00 | R$ 860,00 |
28 | Cartão de crédito | R$ 1.200,00 | R$ 2.060,00 |
A partir daí, comece a analisar os gastos que podem ser cortados. Lembre-se, não há como eliminar as dívidas sem cortar despesas e abrir mão de coisas que estamos acostumados. Estamos falando em frear os gastos, que muitas vezes implica em dar um passo para trás no padrão de consumo.
Para lhe ajudar nesta tarefa, converse com sua família para que entendam melhor a situação e o ajudem a economizar.